segunda-feira, 30 de julho de 2012

Delmiro Gouveia


Delmiro Gouveia foi uma das três principais figuras do Nordeste


Delmiro Gouveia, entre Padre Cícero e Lampião(1)

       Delmiro Gouveia nasceu em Ipu, Alagoas, em 1863. Aos 15 anos ficou órfão e teve que trabalhar para se sustentar. Semi-analfabeto, começou a vender bilhetes no trem. Ao testemunhar as idas e vindas das riquezas provindas das exportações e importações, resolveu arriscar-se em novos negócios.
       Então, começou a comprar e vender peles e couros de animais, produtos esse que tinham grande preço no mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Nesse contexto, aos 25 anos ingressou na empresa americana Keen & Co, porém essa não ia muito bem financeiramente, com isso Delmiro convenceu os proprietários de que era o homem certo para conduzir os negócios no Nordeste.
       Depois de dois anos nessa administração, ele já era dono de sua própria empresa; A casa Levy & Delmiro e depois proprietário da Delmiro & Cia, consagrando-o como “o Rei das peles” e enriquecendo com esse comércio.
      Nesse aspecto, Delmiro teve grande importância no Brasil, incentivando o nacionalismo, a partir da criação de empresas brasileiras, que utilizavam grandes contingentes de mão-de-obra local e matéria-prima da região. Isso fez com que os preços do produto final abaixassem e que saíssem à frente das empresas estrangeiras. De uma de suas viagens a Chicago, surgiu a ideia de intalar no Brasil o que foi considerado o pimeiro shopping center nacional. O Mercado Derby era um conjunto de 264 lojinhas e foi bastante visitado.




   
Mercado Derby(2)


      Sua ascensão incomodava concorrente por ele vender mercadorias com preços mais acessíveis e perturbava também a elite pernambucana que não gostava do poderio que ele tinha adquirido em tão pouco tempo sem nem ter “sangue azul”.
      Delmiro sofreu muitas tentativas de homicídio e o shopping foi incendiado, quase falido refugiou-se na Europa. Depois disso, retornou ao Brasil, e recomeçou em Alagoas o comércio de couros, depois de dois anos já mostrava sinais de riqueza. Com isso, planejou através de viagens a Europa, construir uma hidrelétrica no Brasil, no Salto de Angiquinhos, no lado alagoano do Rio São Francisco, primeiramente para mover máquinas de sua fábrica de fios, da marca Estrela, em Pedra. Sua fábrica recrutou nordestinos de todo sertão, salvando-os da seca e do desemprego.
  

Hidrelétrica de Angiquinhos.(3)

        Essa fábrica foi crescendo ao longo dos anos e permitiu o desenvolvimento de uma cidade inteira: Pedra. Delmiro proporcionou a uma região estéril, uma fertilidade jamais vista no sertão. Veja alguns melhoramentos: 


“Pedra dispunha da melhor luz elétrica do Brasil, de uma vila operária, água encanada em todo o perímetro urbano, fábrica de gelo, jardins, telégrafo, telefone, banda de música, cinema, tipografia, escolas para crianças e adultos. Nas calçadas, nas tardes de domingo, as moças sentavam-se em cadeiras austríacas. À noite, havia retreta, carrossel, cinema e dança. No último domingo do mês, nos bailes do cassino, davam-se prêmios de 20 mil réis à jovem mais elegante em traje de luxo e à mais elegante em traje simples. As sete ruas da cidade conheceram os primeiros automóveis do sertão. E também o primeiro equipamento para tratamento de esgoto, que era encanado. Delmiro montou uma das primeiras creches para funcionários de que se tem notícia no Brasil, além do regime de trabalho de oito horas.”
(http://www.radiodelmiro.com.br/institucional/delmiro/historia.asp)

      Em pouco tempo, a marca Estrela dos produtos de Delmiro dominava o mercado latino americano, ajudado pela Primeira Guerra Mundial, que impedia o deslocamento de produtos europeus para a região. Sua fábrica era tão lucrativa que ingleses da Machine Cottons tentaram comprá-la sem sucesso.
No dia 10 de outubro de 1917, Delmiro foi morto com três tiros no chalé em que vivia. Sua morte ainda é um mistério, mas há hipóteses de que foram um de seus inimigos, os oligarcas ou os concorrentes comerciais. Anos depois, as máquinas foram lançadas no Rio São Francisco pelos concorrentes, sinalizando o fim da grande fábrica.
      Delmiro ficou na lembrança como um incentivador do trabalho, homem que sonhava com um nordeste de dentes tratados, a barriga forrada e que seria pobre, mas decente. Esse mesmo homem que fundou a primeira hidrelétrica brasileira morreu de uma forma irônica, pois graças a luz elétrica foi possível a emboscada noturna, o que não ocorria até então.

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